O Fiel da Balança
Com o equinócio do Outono o Sol ingressa no signo de Balança e os dias equilibram-se na sua proporção de luz e sombra.
Balança é o segundo signo de Ar na sequência zodiacal. A mente, que tem a sua origem em Gémeos, manifesta em Balança a necessidade de encontrar a justa medida do equilíbrio, harmonizando os dois extremos.
A relação é de primordial importância para Balança, sempre estendendo um dos seus pratos para que o outro nele deposite as suas opiniões, valores, perspectivas, como contrapeso das suas, permitindo o ajuste certo.
No percurso zodiacal do desenvolvimento da consciência, Balança representa o meio-ciclo. É o signo que se opõe a Carneiro, o início, representando o extremo oposto - a máxima amplitude da polarização. Se em Carneiro o Eu se centra totalmente em si próprio, buscando a individualidade separativa, em Balança o Eu encontra o Outro e com ele se procura identificar, estabelecendo pontes de ligação através da partilha.
Caracteriza-se geralmente a Balança com o estigma da indecisão, pois para esta decidir implica avaliar correctamente as implicações de cada acção, o que a leva por vezes a impasses quando não consegue estabelecer consensos, dentro ou fora de si.
Ao contrário do seu oposto Carneiro, que busca a distinção pela afirmação, Balança procura a identificação pela harmonização. A diplomacia, o diálogo e alguma ou muita sedução, são as armas de que se faz valer.
Apesar do tamanho foco na questão da harmonia e equilíbrio, não é de todo estranho encontrar, na vibração de Balança, um carácter determinado, assertivo e até militante, principalmente quando esta se depara com situações que considera injustas ou abusivas.
Vénus rege o signo de Balança e vemo-la muitas vezes representada com um espelho na mão, contemplando o seu reflexo. Além da evidente alusão à beleza e ao refinamento estético, muito característicos de Balança, esta alusão ao espelho é extremamente simbólica da dinâmica intrínseca deste signo, que precisa de um espelho, onde se possa reflectir e avaliar, medir, compor, ajustar. E é sobretudo o outro que nos devolve essa imagem reflexa, no confronto com a qual vamos descobrirmos o que gostamos, o que queremos, o que somos. Será esta a razão que leva Balança a interessar-se pela relação, pela interacção social, pela troca de ideias e pontos de vista, por conhecer aquilo que o outro pensa e sente.
Nesta atracção na direcção do outro será importante não nos perdermos de nós próprios. Aliás, o que Balança procura não é mais do que, como Vénus que se olha no espelho, obter uma imagem de si própria que a leve ao reconhecimento da sua individualidade. Neste sentido, o outro é um meio de chegarmos ao nosso próprio centro, e esta é uma questão fundamental para o equilíbrio de Balança: projectarmo-nos demasiado na relação, vivendo em função do outro, só nos fará perder num jogo de espelhos, enovelados em opiniões, argumentos e perspectivas múltiplas sem que daí possamos retirar sentido, clareza e alinhamento.
O Amor, temática tão central para Balança, só será alcançado plenamente se nos permitirmos ir para além do plano mental, das soluções diplomáticas, das regras de etiqueta, das éticas, dos acordos, e deixarmos o coração falar e ligar-se ao outro em total abertura e aceitação.
Jorge Lancinha
24 Setembro 2012