Um Modelo Astro-Psicológico para o Amor
Falar de amor é uma tarefa complexa, desde logo porque designamos com esta palavra variados sentimentos e níveis de envolvimento. O amor que um pai sente por um filho é distinto do amor que um amante tem pela sua amada. Podemos também falar de amor relativamente a um ideal, a uma nação, a uma divindade.
Utilizando a linguagem astrológica, aplicada numa perspectiva psicológica, podemos estabelecer uma base para o entendimento das várias manifestações do amor no contexto das relações e o papel que este tem no desenvolvimento humano.
Tomando à partida que os planetas em astrologia representam as diversas funções psicológicas que constituem a nossa psique, a vivência do amor vai-se desenvolvendo paralelamente à medida que essas funções vão sendo activadas e integradas. Vamos então fazer uma viagem através dos vários arquétipos planetários e construir um modelo astro-psicológico para o amor.
Utilizando a linguagem astrológica, aplicada numa perspectiva psicológica, podemos estabelecer uma base para o entendimento das várias manifestações do amor no contexto das relações e o papel que este tem no desenvolvimento humano.
Tomando à partida que os planetas em astrologia representam as diversas funções psicológicas que constituem a nossa psique, a vivência do amor vai-se desenvolvendo paralelamente à medida que essas funções vão sendo activadas e integradas. Vamos então fazer uma viagem através dos vários arquétipos planetários e construir um modelo astro-psicológico para o amor.
Começamos pela Lua, que é o ponteiro mais rápido do nosso relógio astrológico, completando uma volta ao zodíaco a cada 28 dias. Este ponteiro marca o ritmo dos primeiros meses de vida, imprimindo com a sua influência um registo consistente que serve de suporte a todo o desenvolvimento da personalidade. E o que é vital nesses primeiros tempos de vida é assegurar o amor dos pais, ou daqueles que cumprem o papel de nos alimentar e proteger. Disso depende a sobrevivência e o bem-estar do recém-nascido. Este é um tipo de amor instintivo, visceral, nascido da necessidade de segurança e de estabelecer uma ligação vinculativa entre criança e progenitor.
Mesmo após a infância, e de resto até ao fim da vida, este compasso rítmico da Lua permanece imprimindo a sua cadência. Ainda que aparentemente se possa perder na complexidade da melodia que vamos compondo ao longo da vida com as nossas experiências, este pulsar primordial subsiste em pano de fundo. Quer isto dizer que as necessidades emocionais lunares continuarão sempre a fazer parte do repertório, mesmo ao longo da vida adulta.
Assim, o amor que a Lua representa assenta na necessidade que permanece em nós de estarmos ligados vinculativamente a um outro, em busca de segurança, conforto e sentido de pertença. É um amor não individualizado.
No mito grego que descreve o amor da Deusa Selene (a personificação da Lua) pelo jovem pastor Endimião, vemos um perfeito retrato deste amor lunar. Selene tomada pela extrema beleza de Endimião, pede a Zeus que o conserve para sempre jovem, num sono perpétuo, visitando-o todas as noites numa caverna e engendrando com ele 50 filhos. Noutra versão do mito, é Endimião que escolhe perante Zeus ficar para sempre a dormir em troca de conservar a sua beleza juvenil. Ainda numa outra é Zeus que castiga Endimião ao sono eterno por este ter tentado uma aproximação sexual a Hera, sua esposa.
Nas várias versões deste mito vemos claramente o carácter do amor lunar: o sono de Endimião é símbolo do desejo de permanecer na segurança do útero materno (a caverna); no amor de Selene temos um sentimento voltado para a satisfação das necessidades de perpetuação, negando a possibilidade de uma maturação individual; no castigo de Zeus vemos a consequência de falhar a prova iniciática da adolescência, que quebra o vínculo lunar e faz a passagem para o reino do amor sexualizado. E aqui entramos no território de Vénus!
Mesmo após a infância, e de resto até ao fim da vida, este compasso rítmico da Lua permanece imprimindo a sua cadência. Ainda que aparentemente se possa perder na complexidade da melodia que vamos compondo ao longo da vida com as nossas experiências, este pulsar primordial subsiste em pano de fundo. Quer isto dizer que as necessidades emocionais lunares continuarão sempre a fazer parte do repertório, mesmo ao longo da vida adulta.
Assim, o amor que a Lua representa assenta na necessidade que permanece em nós de estarmos ligados vinculativamente a um outro, em busca de segurança, conforto e sentido de pertença. É um amor não individualizado.
No mito grego que descreve o amor da Deusa Selene (a personificação da Lua) pelo jovem pastor Endimião, vemos um perfeito retrato deste amor lunar. Selene tomada pela extrema beleza de Endimião, pede a Zeus que o conserve para sempre jovem, num sono perpétuo, visitando-o todas as noites numa caverna e engendrando com ele 50 filhos. Noutra versão do mito, é Endimião que escolhe perante Zeus ficar para sempre a dormir em troca de conservar a sua beleza juvenil. Ainda numa outra é Zeus que castiga Endimião ao sono eterno por este ter tentado uma aproximação sexual a Hera, sua esposa.
Nas várias versões deste mito vemos claramente o carácter do amor lunar: o sono de Endimião é símbolo do desejo de permanecer na segurança do útero materno (a caverna); no amor de Selene temos um sentimento voltado para a satisfação das necessidades de perpetuação, negando a possibilidade de uma maturação individual; no castigo de Zeus vemos a consequência de falhar a prova iniciática da adolescência, que quebra o vínculo lunar e faz a passagem para o reino do amor sexualizado. E aqui entramos no território de Vénus!
O amor como emancipação e auto-descoberta é simbolizado por Vénus. Neste plano amoroso o que se procura através da relação com o outro é uma imagem reflectida da nossa identidade, um espelho no qual buscamos reconhecer-nos. Podemos dizer que Vénus, no mapa natal, serve o Sol, na medida em que nos ajuda a definir e a refinar uma identidade própria, desenvolvendo um conjunto de preferências, seleccionando experiências, promovendo escolhas.
Inversamente ao amor lunar, que procura a coesão na unidade familiar, o amor venusiano move-se em direcção à separação e à autonomização do individuo. As relações venusianas são movidas pela paixão e pelo erotismo da descoberta. O outro é uma fonte de entusiasmo e excitação que nos atraí, levando-nos a explorar territórios fora da zona de conforto e para lá do domínio dos padrões instintivos de segurança e protecção. Fora de pé, somos obrigados a convocar os nossos recursos pessoais e a desenvolver mecanismos de auto-suficiência, daí que o processo do amor venusiano esteja intimamente ligado a questões de auto-estima.
Como vemos simbolizado na mitologia através do intenso envolvimento entre Vénus e Marte, este amor venusiano desperta e catalisa o impulso de afirmação marciano. É Marte que, excitado por Vénus, corta o cordão umbilical lunar e efectiva a separação. Na adolescência esta dinâmica reflecte-se claramente nas escolhas amorosas que nos afastam da influência familiar, na procura de privacidade e independência. Mesmo quando essas escolhas são aprovadas pela família há a necessidade de manter uma separação entre estes dois universos, para que o jovem possa construir a sua identidade.
Após este processo de descoberta e afirmação, proporcionado pela activação do amor venusiano, é fundamental integrar nas dinâmicas relacionais o conjunto de necessidades emocionais simbolizado pela Lua. E aqui temos outro momento chave no desenvolvimento da psique. Se até aqui, idealmente, tiver havido um desligar construtivo da matriz parental e uma exploração saudável do universo amoroso venusiano, que possibilitou a construção de uma riqueza emocional própria, então a personalidade, em virtude da sua ignição solar, poderá agora integrar a herança lunar de forma equilibrada. E o amor entra noutra fase, a de Júpiter.
Inversamente ao amor lunar, que procura a coesão na unidade familiar, o amor venusiano move-se em direcção à separação e à autonomização do individuo. As relações venusianas são movidas pela paixão e pelo erotismo da descoberta. O outro é uma fonte de entusiasmo e excitação que nos atraí, levando-nos a explorar territórios fora da zona de conforto e para lá do domínio dos padrões instintivos de segurança e protecção. Fora de pé, somos obrigados a convocar os nossos recursos pessoais e a desenvolver mecanismos de auto-suficiência, daí que o processo do amor venusiano esteja intimamente ligado a questões de auto-estima.
Como vemos simbolizado na mitologia através do intenso envolvimento entre Vénus e Marte, este amor venusiano desperta e catalisa o impulso de afirmação marciano. É Marte que, excitado por Vénus, corta o cordão umbilical lunar e efectiva a separação. Na adolescência esta dinâmica reflecte-se claramente nas escolhas amorosas que nos afastam da influência familiar, na procura de privacidade e independência. Mesmo quando essas escolhas são aprovadas pela família há a necessidade de manter uma separação entre estes dois universos, para que o jovem possa construir a sua identidade.
Após este processo de descoberta e afirmação, proporcionado pela activação do amor venusiano, é fundamental integrar nas dinâmicas relacionais o conjunto de necessidades emocionais simbolizado pela Lua. E aqui temos outro momento chave no desenvolvimento da psique. Se até aqui, idealmente, tiver havido um desligar construtivo da matriz parental e uma exploração saudável do universo amoroso venusiano, que possibilitou a construção de uma riqueza emocional própria, então a personalidade, em virtude da sua ignição solar, poderá agora integrar a herança lunar de forma equilibrada. E o amor entra noutra fase, a de Júpiter.
Este plano de vivência amorosa que associo a Júpiter, neste modelo que aqui estamos a desenhar, pode ser visto como um amor “maduro”, no sentido em que aponta o seu foco para o “fruto”. Ou seja, aqui o importante é o produto da interacção com o outro, seja o desenvolvimento de um projecto partilhado ou a construção de uma família. Aqui combinam-se as capacidades nutridoras da lua com a experiência da partilha venusiana. Surgem valores e princípios que estruturam as relações e as enquadram numa perspectiva comunitária, mais social, mais abrangente. Um maior desapego e um alargado espaço de liberdade também caracterizam este plano. Saturno é também activado trazendo uma consciencialização dos limites e responsabilidades que estão implícitos nas nossas escolhas. O amor jupiteriano é um amor fraternal que reconhece no outro um seu semelhante.
Também aqui não se trata de deixar para trás as dimensões lunares e venusianas mas enquadrá-las numa consciência mais vasta. E também como nas fases anteriores do processo, esta integração faz despontar outra esfera de manifestação amorosa: o amor neptuniano.
Também aqui não se trata de deixar para trás as dimensões lunares e venusianas mas enquadrá-las numa consciência mais vasta. E também como nas fases anteriores do processo, esta integração faz despontar outra esfera de manifestação amorosa: o amor neptuniano.
Neptuno traz consigo a dissolução das fronteiras do eu, abrindo o contacto à vastidão da totalidade cósmica. Este arquétipo representa a transcendência e o mergulho de volta à fonte. Neste sentido, com Neptuno completa-se o ciclo. O amor neptuniano não conhece limites, é dirigido a toda a criação, incondicionalmente. Aqui já não se trata do individuo, nem da sua relação pessoal com outro individuo particular, mas sim do Ser como reflexo da essência divina presente em todas as coisas. É um amor totalmente espiritualizado que nos eleva ao êxtase divino e se revela externamente como absoluta compaixão.
O processo do amor neptuniano é interno e tem como finalidade o casamento da psique com a alma. O foco deixa de estar centrado no desenvolvimento psicológico, com a sua busca incessante de experiências e complexidades, deixando cair o fruto e concentrando a atenção na semente – a essência.
É interessante notar que a expectativa média de vida, nos países mais desenvolvidos (80 a 85 anos), corresponde actualmente a meio ciclo de Neptuno (82 anos). Este indicador revela-nos que, por um lado, estamos ainda longe de entender totalmente o alcance deste arquétipo, mas por outro, marca claramente um ponto de viragem naquilo que será o próximo passo na evolução interna da humanidade. O amor neptuniano é o novo continente onde já assentamos o pé mas que ainda se nos apresenta como um vasto mistério por explorar.
Este modelo, que aqui sucintamente delineámos, pode ser aplicado à compreensão do mapa individual de cada um. A análise da posição dos planetas por signo e por casa e dos aspectos que estabelecem entre si, pode facultar-nos grandes insights sobre a forma como vivemos o amor e como projectamos estes processos arquetípicos nas nossas relações interpessoais.
O processo do amor neptuniano é interno e tem como finalidade o casamento da psique com a alma. O foco deixa de estar centrado no desenvolvimento psicológico, com a sua busca incessante de experiências e complexidades, deixando cair o fruto e concentrando a atenção na semente – a essência.
É interessante notar que a expectativa média de vida, nos países mais desenvolvidos (80 a 85 anos), corresponde actualmente a meio ciclo de Neptuno (82 anos). Este indicador revela-nos que, por um lado, estamos ainda longe de entender totalmente o alcance deste arquétipo, mas por outro, marca claramente um ponto de viragem naquilo que será o próximo passo na evolução interna da humanidade. O amor neptuniano é o novo continente onde já assentamos o pé mas que ainda se nos apresenta como um vasto mistério por explorar.
Este modelo, que aqui sucintamente delineámos, pode ser aplicado à compreensão do mapa individual de cada um. A análise da posição dos planetas por signo e por casa e dos aspectos que estabelecem entre si, pode facultar-nos grandes insights sobre a forma como vivemos o amor e como projectamos estes processos arquetípicos nas nossas relações interpessoais.
Jorge Lancinha
Maio 2014