Pelo facto de celebramos o inicio do ano em Janeiro, a expressão deste inicio sazonal passa mais despercebido à consciência, mas julgo que todos podemos identificar facilmente aquela sensação de renovação energética e frescura vital que a Primavera nos inspira. Dado que só no dia 20 é que entramos no novo ciclo, a maior parte de Março é sobretudo introspectiva, dedicada à convocação do sonho e da imaginação, que são canais através dos quais as imagens do inconsciente inspiram o rumo das acções futuras.
Na primeira semana de Março temos ainda o Marte em Escorpião, que juntamente com a passagem da Lua por Saturno dia 2 e por Plutão dia 4, parecem reservar-nos picos emocionais de grande intensidade por esses dias. A entrada de Marte em Sagitário, no dia 6, aliviará a carga emocional, inspirando maior optimismo e extroversão. Porém, se temos vindo a reprimir tensões, esta mudança de Marte para um signo de fogo poderá soltar descontroladamente o que tem estado a ruminar na sombra. Isto é válido também em termos do clima geral, onde os conflitos poderão surgir de forma mais aberta, espontânea e sem muito filtro. Será mesmo expectável assistirmos a (ou manifestarmos) explosões de raiva, prepotência e fanatismo, que serão muito difíceis de domar, sendo talvez mais indicado aceitar, integrar e canalizar construtivamente esta energia, como nos indica as quadraturas que Marte faz a Mercúrio e mais tarde a Vénus (dia 14).
Este mês é também particularmente sensível pois teremos dois eclipses, um solar no dia 9 e outro lunar no dia 23, que correspondem à Lua Nova de Peixes e Lua Cheia de Balança. Este primeiro eclipse, no dia 9, acontecerá no grau 18º de Peixes, activando desde já a configuração que marcará todo este ano e que estará no seu auge em Junho: uma grande cruz mutável. Para já, temos Júpiter em Virgem a fazer oposição, e Saturno em Sagitário a fazer quadratura, cabendo à Lua, no seu movimento mais rápido, completar a configuração quando passar por Gémeos no dia 14. A imagem que esta grande cruz me inspira é a de um grande carrossel em louca velocidade, no qual será preciso procurar mantermo-nos no centro, se não queremos ser cuspidos pela força centrifuga. A dificuldade em manter o foco, que já se faz sentir desde o mês passado, irá aumentar exponencialmente, à medida que as solicitações se vão multiplicando.
Logo de seguida, no dia 23, Júpiter e Saturno desafiam-se em quadratura exacta, um aspecto que teve a sua primeira instância em Agosto de 2015, e que neste mês volta a pressionar a sua agenda: a revisão dos valores que fundamentam as estruturas sociais e políticas, e a implementação eficaz desses mesmos valores. O confronto entre a ideologia da austeridade versus a do crescimento, é um exemplo paradigmático desta quadratura, pedindo uma integração que dê origem a novos paradigmas (para saber mais sobre esta quadratura de Júpiter-Saturno pode adquirir o meu webinário sobre o tema AQUI).
Fechamos o mês com Saturno a virar retrógrado, no dia 25, sendo que só em meados de Agosto voltará a movimento directo. Até lá será um tempo de buscar estrutura no interior: é sobretudo dentro de nós que poderemos encontrar o eixo vertical que nos permitirá manter a coesão no turbilhão veloz dos próximos meses.