Portugal é campeão da Europa!
Muito poucos acreditavam ser possível chegar a esta final e vencer, eu próprio confesso o meu cepticismo. Afinal, somos um povo que embora nobre pelos seus feitos, sempre se teve de confrontar com o facto de ser pequeno em dimensão, e por isso muitas vezes menosprezado e desconsiderado.
Apesar do sucesso individual alcançado por muitos portugueses, nas mais variadas áreas - intelectual, cientifica, política, desportiva - sempre é difícil afirmarmo-nos pelo nosso valor colectivo. Por defeito, sempre procuramos a via de eleger um individuo, um herói que carregue todo o peso das nossas aspirações, sobre o qual projectamos toda a glória que queremos ver em nós, mas em quem destilamos toda a nossa amarga frustração quando este nos “falha”.
Vemos esta extrema projecção no nosso mito sebastianista: o Rei-herói que, ao desaparecer, deixa a sua nação em depressão colectiva, “adiada”, “por cumprir”, como dizia o poeta. Ontem, simbolicamente, tivemos uma lição acerca disso. O nosso D. Sebastião, o nosso herói desapareceu do campo de batalha, lesionado. Novamente o fado português: no momento crucial, onde mais precisávamos dele, eis que perdemos o nosso melhor elemento, no qual depositávamos todas as esperanças. E assim nos vimos em desanimo, em descrença. Mas desta vez algo diferente parece ter ocorrido, a sorte não nos abandonou, e a equipa teimosamente não se rendeu à depressão: continuou lutando como podia, sem grandiosidades, nem rasgos de genialidade, mas trabalhando arduamente, humildemente. E depois entra Éder, o humilde dos humildes, em quem poucos acreditavam. Neste drama mítico, Éder talvez represente a alma ferida portuguesa: aquele de quem não se espera muito, ou para ser sincero, até se espere que falhe, pois é esse o seu papel, mostrar-nos a nossa miserável victimização. Mas desta vez não, desta vez Éder não falha, desta vez Éder marca! E marca de sua própria iniciativa, contra todas as probabilidades e contra toda a descrença. É o sacrilégio total: Éder marca!
Isto será apenas futebol - a parte mais racional de nós dirá - mas algo diferente ontem foi escrito no mito nacional de raiz sebastiânica. A nação não caiu junto com o seu Rei-herói, mas manteve-se unida como pode na sua humildade e no seu duro trabalho de resiliente paciência. Talvez isto nos mostre um caminho alternativo ao habitual fado português, que em vez de almejarmos recuperar uma grandiosidade brilhante e genial, que supostamente nos foi roubada, possamos crescer para uma nação madura, consistente, que se apoia no contributo de cada um dos seus cidadãos e não apenas na vã gloria de um ungido eleito.
Outra lição nos deu Ronaldo, acerca do tipo de lideres que precisamos: daqueles que mesmo quando caem, não desistem, daqueles que mesmo criticados mantém a sua essência, daqueles que quando adorados nos remetem para a sua humilde simplicidade, daqueles que quando não podem liderar em campo, lideram apaixonadamente no banco, pois não lhe interessa apenas a sua reputação, mas os objectivos da a equipa, e as esperanças de toda uma nação de adeptos.
Este herói Ronaldo, pode até ser o nosso D. Sebastião, mas ousa rescrever o mito, mostrando-nos que não é nele, nem nas suas excepcionais qualidades que devemos projectar-nos, para compensar um ego ferido, sedento de esplendor - tal só nos tem levado ao repetido desfecho mítico: a humilhante derrota.
Mas desta vez a história foi diferente, desta vez algo se alterou. E embora isto seja só futebol, não o é, pois tem raiz no inconsciente colectivo da nação que é Portugal, e mostra-nos que é a hora de rescrevermos o nosso mito. Chega de esperar pelo Rei-perdido e pela glória do passado. É tempo de reconhecermos o que somos e integrarmos as nossas fragilidades e insuficiências. É tempo de trabalharmos em conjunto, premiado o esforço, a lealdade e o contributo para o colectivo. Pois que venha outro Fado!
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Entrámos em Julho, com a energia de Caranguejo a destacar-se fortemente: o Sol, Mercúrio e Vénus caminham por este signo que nos fala de sensibilidade, vulnerabilidade, afecto e nutrição emocional. Pelo menos até meados do mês, altura em que Vénus e Mercúrio avançarão para Leão, os temas revolvem em torno do sentir e do cuidar.
Apesar de entrarmos agora num período com menos tensões, este clima mais emocional é delicado, pois irá deixar-nos mais abertos e vulneráveis. E depois de todos os desafios que nos últimos tempos temos atravessado, é natural que agora apeteça simplesmente um colinho regenerador e incondicional. E pelo aspecto do céu ao longo deste mês, parece haver bastantes abertas para recuperar energias e curar mazelas, mas é importante que estejamos vigilantes. Se observarmos o nosso percurso, será com certeza reconhecível que muitas das dificuldades com que nos deparamos nos períodos desafiantes, são em grande parte fruto da indulgencia a que nos entregamos nos momentos de fluidez. Da mesma maneira que é nos momentos de abundância que podemos poupar, também é nos momentos mais fluidos que podemos testar e consolidar a mudança de padrões. Quando estamos debaixo do chicote da vida, somos obrigados a mudar, mas a transformação dá-se verdadeiramente quando, sem a coação das circunstâncias, escolhemos internamente um novo caminho. Talvez seja pelo filtro do meu Saturno em Caranguejo que, nesta altura de colo e vulnerabilidade, me dê para falar em disciplina e responsabilidade, mas julgo que todos reconhecerão que os desafios que temos pela frente exigem ainda bastante foco e assertividade. Este pode ser um mês geralmente mais tranquilo e harmonioso que os que temos tido anteriormente, mas se nos deixarmos regredir para os velhos padrões, a factura irá sair bem cara e não precisamos esperar muito para a receber. A nível colectivo, por exemplo, é neste mês que se decidirão as nomeações para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, um evento que terá um tremendo impacto no nosso futuro colectivo; a União Europeia, no rescaldo do Brexit, atravessa uma momento chave; o Brasil está na recta final para os Jogos Olímpicos, com o Rio de Janeiro em estado de emergência financeira. Isto é o panorama colectivo, mas o cenário individual de cada um reflectirá com certeza estes mesmos desafios. Então, que caminho podemos delinear face às dinâmicas astrológicas deste mês? Como falei no inicio, este mês traz-nos para o território do sentir. É assim uma oportunidade para contactarmos com as nossas necessidades emocionais e validá-las. É também mais fácil nesta altura reconhecer as necessidades daqueles que nos rodeiam. E aqui há desde já um tema a trabalhar: muitas vezes perdemo-nos no nosso desejo de ser úteis, de cuidar, de correspondermos a uma imagem do que achamos ser a atitude correcta perante o outro, e acabamos por não ver o que de facto está do outro lado: o que sente o outro? o que verdadeiramente necessita? o que nos está a comunicar? Muitas vezes, mesmo perante uma comunicação clara por parte do outro, decidimos atropelar o que nos é pedido, pois achamos que sabemos melhor o que o outro necessita, do que ele próprio. Precisamos estar alerta para estes excessos e invasões, já que a fluidez do momento pode fazer com que situações distorcidas e desequilibradas se prolonguem sem travão. No entanto, teremos momentos onde estas distorções poderão mostrar-se, dando oportunidade de realinhamento: em torno dos dias 7, 16 e 19. Estas serão as alturas onde os aspectos planetários se mostram mais tensos e poderão corresponder aos pontos mais sensíveis do mês. A abertura sincera para lidar com as questões deverá ser a melhor forma de encontrar o rumo, já que um grande trígono nos signos de água, indica facilidade em sarar feridas de eventuais desentendimentos e seguir em frente. Como é habitual, o Sol transitará para um novo signo no último terço do mês, mais precisamente no dia 22, trazendo consigo a respectiva mudança de energia. E é Leão que se segue, com a sua exuberância extrovertida e imponente. Começaremos a ver sinais deste fogo criativo logo a partir de dia 12, com a entrada de Vénus em Leão, seguida depois por Mercúrio no dia 14. Aqui os temas passarão progressivamente pela liderança, pela criatividade individual, pela procura de satisfação e prazer. Um excelente mês de Julho. |
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May 2018
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