Ao estudar o céu deste mês, com as suas movimentações planetárias, as percepções que mais me sobressaíram foram as de confusão e dispersão, de muita aceleração mas pouca progressão, como uma roda sem tracção que patina não saindo do mesmo sítio.
Gémeos, o signo que durante este mês o Sol atravessa, é bem conhecido pela sua tendência a dispersar por muitos interesses e adoptar múltiplas perspectivas sobre um assunto que simultaneamente se contradizem. Mas não é sobretudo o ênfase em Gémeos, próprio desta altura do ano, o que me inspira esta sensação de caótica indeterminação, mas principalmente o facto de termos desenhado no céu uma multiplicidade de configurações que se interpenetram e se mantém activas passando o testemunho a outros planetas que se revezam, criando dinâmicas com muitas variações, activando temas muito diversos. É uma cacofonia na qual facilmente perdemos o foco, a clareza, a objectividade.
Tentemos então fazer um exercício de discernimento e análise para nos orientarmos em meio deste novelo. No diagrama abaixo vemos as várias configurações activas ao longo do mês. Logo de inicio, até dia 6, tivemos uma conjunção de Vénus e Úrano, muito apoiada por Saturno e Marte, que terá impulsionado sobretudo as relações, convidando-nos a arriscar mais na conquista, a afirmar mais os nossos desejos e a tentar a nossa sorte no romance. Talvez tenha fica claro que seria necessário algum esforço e empenho para superar obstáculos, mas o convite para entrar na dança terá sido suficiente estimulante para nos arrancar da zona de conforto e ir à luta.
Noutro plano, mas em simultâneo, como nos mostra a configuração envolvendo o Sol, Neptuno e Júpiter, até dia 8, o estabelecimento de contactos, a aprendizagem e as trocas estão facilitadas, havendo muita informação a circular, muitas oportunidades e pessoas para conhecer e com quem interagir, mas a tendência é para que haja muita interferência, distracção, confusão, falta de clareza e orientação. Para não entrarmos na deriva, perseguindo miragens, saber o que se quer e para onde se vai é o desafio que se nos apresenta. Depois, a partir de dia 10, é a vez de Mercúrio tomar a posições do Sol nesta configuração, mantendo-a activa até dia 16. Esta passagem de testemunho trará ainda mais estímulo e aceleração mental, agravando o desafio da possível falta de clareza e objectividade na avaliação das situações.
Será de acrescentar aqui que a escassez de planetas no elemento Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) e no modo Fixo (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), mostra-nos que este não é o momento propício à consolidação e à construção estruturada, mas sim um período de grande dinamismo, de avançar ideias e de experimentar diversos pontos de vista, convidando mesmo o caos para que nos inspire criativamente a sair de velhos padrões. É um abrir da janela para deixar entrar a ventania que desarruma e baralha tudo, mas que refresca, areja e descondiciona.
Mas este turbilhão caótico necessita ainda assim de um foco, uma intenção e um propósito definido, sob pena de se tornar apenas confusão, perda de tempo e energia. Isto está bem assinalado na configuração em que o Sol se opõe a Saturno e faz quadratura a Quíron, a partir de dia 11. Este propósito, podemos dizer de uma forma geral, será o de trabalhar na cura de feridas passadas, seja arrancando o penso que já não é necessário, seja buscar um novo remédio para um velho mal. Pelo dia 16, Mercúrio junta-se ao Sol, potenciando esta tensão que se manterá activa até dia 22.
No dia 21, Sol e Mercúrio entram juntos em Caranguejo, promovendo uma mudança radical de cenário. O elemento Água assume então a predominância e o Ar escasseia. Por essa altura Marte já se opõe a Plutão e faz quadratura a Júpiter, configuração que será depois mantida até 12 de Julho por Mercúrio e depois pelo Sol. Aqui os temas são diferentes e prometem grandes desafios, sobretudo no panorama colectivo, onde poderemos assistir a uma crescente pressão entre a necessidade de adoptar medidas de protecção contra ameaças cada vez mais frequentes e imprevisíveis e por outro lado a preservação da liberdade e dos valores de justiça e igualdade que caracterizam a nossa sociedade. Talvez nessa altura o receio e a necessidade de proteção tomem a primazia, mas será bom não nos esquecermos do preço a pagar se nos enfiarmos na carapaça do medo. No plano mais pessoal estes desafios também se apresentarão, pondo à prova a capacidade de nos mantermos em contacto com as nossas emoções, mesmo perante situações que nos deixam extremamente vulneráveis. Aqui não será fácil manter o equilíbrio, sem por um lado nos refugiarmos na dureza impenetrável das armaduras, nem por outro dar o peito à balas feito mártir. Mas se nos atrevermos a ter a coragem de caminhar pelo fio da navalha, sem ceder aos impulsos mais primários e permitindo-nos sentir e deixar fluir, então um grande salto de consciência poderemos dar nesta etapa da nossa jornada. Um excelente mês de Junho!
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May 2018
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