No ano passado confrontámo-nos com eventos de grande magnitude no que respeita às suas consequências, sendo os principais o Brexit e a eleição de Trump. Eventos que no inicio do ano passado pareciam pouco prováveis e até absurdos, mas que vieram mostrar que o desejo de mudança é superior ao risco do desconhecido. Quando assim é, estamos claramente num ponto de clivagem. Este ano teremos mais decisões importantes, com as eleições na França em Abril e na Alemanha em Setembro. No entanto, é agora que está na forja, ainda moldável, o que mais tarde ganhará forma definitiva. Vejamos então o céu do momento em busca de linhas orientadoras para este período de grande desafio.

Este mito traz-nos uma advertência muito valiosa para o momento presente. É penoso assistir a todo o ódio, o racismo, o sexismo, a intolerância e a crueldade que têm surgido à superfície nos últimos tempos. Algo que, ao procuramos combater e transformar, acabamos facilmente por cair na tendência para excluir o que consideramos inaceitável e perigoso, para tentar calar a ignorância, ridicularizar, parodiar, descredibilizar, deslegitimar como arma de luta. Desde logo, no caso de Trump é muito evidente isto. Só para dar um exemplo, ontem, John Bercow, Presidente da Camara dos Comuns do Reino Unido, surpreendeu os membros do parlamento ao sair do seu registo neutral e afirmar num discurso que seria contra um convite a Trump para este discursar no Parlamento aquando da sua visita ao Reino Unido. Não querendo fazer aqui nenhuma análise política, esta tem sido a estratégia mais comum para lidar com o que não concordamos: não te convido para a minha festa! Mas como mostra bem o mito de Éris, excluir pode ter consequências mais nefastas do que procurar integrar. Para falar do caso de Trump, não podemos esquecer que este representa cerca de 63 milhões de votos, tendo prometido em campanha aquilo que tem estado a implementar. Trata-se de metade dos votantes do país mais poderoso do mundo que desejam este tipo de políticas e é essa a verdadeira questão que nos deve profundamente preocupar, pois o que se passa nos EUA em grande medida passa-se também na Europa.
Com Júpiter a ficar retrógrado dia 6, a proposta é fazermos uma reflexão profunda acerca dos valores pelos quais pautamos as nossas acções. Talvez fique mais claro que é preciso mudar de estratégia para não cair no mesmo erro daquilo que queremos transformar: descriminar para combater a descriminação, não deixar falar para combater a liberdade de expressão, destruir para combater a destruição…
Teremos também dois eclipses neste mês, um lunar no dia 11, a 22º de Leão (visível em Portugal e no Brasil), e o outro solar, no dia 26, a 8º de Peixes (este será parcialmente visível no sul do Brasil). Estes eclipses contribuirão para o convite à mudança que este mês nos estende. É em períodos destes que residem as grandes oportunidades de tomada de consciência.
Faço votos para que nestes tempos desafiantes possamos manter o alinhamento à nossa essência divina sem recear reconhecer e integrar com compaixão tudo aquilo que faz de nós humanos.